Com recorde de casos e menor isolamento, RMVale entra em período decisivo podendo aumentar flexibilização

As próximas semanas serão decisivas para o enfrentamento da Covid-19 na RMVale, em razão do aumento do número de casos e da queda da taxa de isolamento.
Um crescimento descontrolado da doença pode provocar mais pacientes graves, o que poderia colapsar o sistema de saúde. Cada dia que passa, depois da reabertura econômica em 1º de junho, mais pessoas deixam de cumprir a quarentena na região.
A flexibilização adotada pelo governo estadual por meio do Plano São Paulo de ‘retomada consciente’ foi criticada por pesquisadores, que consideram o momento inadequado para incentivar as pessoas a saírem de casa.
No Vale do Paraíba, os números são preocupantes.
A região vinha batendo recordes de isolamento até a primeira quinzena de maio, quando o indicador começou a despencar. A média de isolamento no Vale já foi de 63% em um sábado, em abril, caindo para 51% neste final de semana.
O governo estadual indica a taxa mínima de 55% para conter a propagação da Covid-19 e preparar o sistema de saúde. Neste sábado (6), apenas São Sebastião (62%) e Ubatuba (58%) conseguiram superar a taxa mínima.
Todas as outras cidades da região monitoradas diariamente pelo Estado ficaram abaixo do mínimo: Caraguatatuba (53%), São José dos Campos (52%), Caçapava (51%), Jacareí (50%), Pindamonhangaba (50%), Cruzeiro (50%), Taubaté (47%), Lorena (46%) e Guaratinguetá (45%).
O resultado da queda do isolamento se reflete no número de casos.
A região registra 723 casos confirmados de Covid-19 na primeira semana de junho, mesmo com números incompletos neste domingo –maioria das cidades não divulga relatórios de saúde no final de semana.
Ainda assim, o número é maior do que o total de casos registrados em abril (530) e perto da metade da quantidade de infectados de maio (1.672).
Segundo especialistas, o relaxamento da quarentena neste começo de junho terá reflexos na segunda metade do mês, quando a região poderá ter mais flexibilização de atividades comerciais.
Na última quarta-feira (3), o governo estadual informou que o Vale tem tendência de aumentar as medidas de flexibilização da quarentena a partir de 15 de junho.
O motivo: indicadores de saúde da região permitiriam intensificar a reabertura econômica na metade do mês.
Foram avaliados itens como a ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), internações, casos confirmados e óbitos.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Marco Vinholi, disse que o Vale melhorou a sua taxa de internação no período analisado e, por isso, segue com tendência de poder aumentar a flexibilização.
Para Raul Borges Guimarães, coordenador do Laboratório de Biogeografia e Geografia da Saúde da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Presidente Prudente, a flexibilização é preocupante.
Segundo ele, observa-se nas últimas semanas uma aceleração nos números de casos confirmados e óbitos, especialmente no interior, o que não justificaria o enfraquecimento do isolamento social.
“Sem dúvidas, o que está ocorrendo hoje terá um reflexo nas próximas semanas. O crescimento exponencial de casos poderá levar à ocupação rápida das vagas existentes [nos hospitais].”